domingo, 11 de janeiro de 2009

O Gigante e o Anão

Fatídico céu. Não quero sua morada. Céu pra mim não é nada.
Não quero a felicidade eterna, a previsibilidade dos bons momentos.
Não quero um sorriso permanente no rosto, nem tampouco ter a certeza que tenho todos os prazeres à minha disposição.
Ah, que falta de atrativos, quão sem-graça é o que os outros chamam de “Céu”!
Quero arder no perigo, correr riscos, apreciar cada prazer vivido com a incerteza de amanhã não ser mais igual.
Quero o universo paralelo mais intenso a cada dia, quero esbofetear a face dos pudicos e cuspir nos hipócritas.
Quero chorar no gozo e rir na dor. Quero que minhas carnes tremam, que cada poro do meu corpo lateje, insatisfeito, ansioso, insaciável, sedento, frenético.
Depois disso eu terei, sim, a felicidade eterna. Caminhando sempre de mãos dadas com a tristeza, e tornando-a cada vez menor, mais insignificante, mais minúscula. O Gigante e o Anão. Cada um cumprindo a sua missão.

Um comentário:

Devaneios da Sam disse...

Amei o texto.

Muito bom!!!!!!